terça-feira, 24 de novembro de 2009

Mesma rotina.

Logo pela manhã encho minha xícara verde de café, entro no carro e coloco aquela musica que me da uma vontade engraçada de dançar a qualquer momento que eu a escute. Lembro de um dia que acordei de bem com a vida, liguei o som e fui abrir a porta da sacada do meu quarto. A musica logo começou a tocar e eu a dançar ali mesmo de pijama e pantufa. Mais voltando ao principio da conversa, passo no supermercado e compro sorvete de açaí, pensei em limão, mas não vejo porque relembrar de coisas desagradáveis. Açaí desperta algum interesse em mim, talvez de gastar mais alguns trocados e comprar um chantilly e passar naquele narizinho...
Continuando, peguei o caminho da redação do jornal para entregar algumas matérias pendentes que eu havia esquecido de fazer, chegando lá me deparei com a nossa foto em cima da minha mesa, fingi ignorar, mais com as mãos tremulas. Depois de entregar as redações fui para casa. Como sempre a xícara de café estava lá, no suporte do carro ao lado de algum vazio, aquele que você sempre pusera sua xícara. Liguei o som e a mesma musica começou a tocar, mas ao invés de rir ou dançar eu me lembrei de você dizendo que sempre teve vontade de ter alguém par mandar aquela musica. Naquele momento eu não sabia o que estava acontecendo, eu quis sair correndo e mergulhar na minha cama e derramar pequenas lagrimas, mais foi ai que eu lembrei que tudo que eu fizesse me lembrava você, até mesmo deitar na cama chorando.
Cheguei em casa e subi com o sorvete e o chantilly que você gostava e tomava em todas as manhãs de chuva, era seu programa favorito. Sentei no meio da sala e fiquei lá com baixos soluços por alguns minutos. O sorvete estava derretendo e ao abrir o congelador da geladeira, me deparei com vários potes cheios de sorvete e chantillys fechados. Liguei o som e vi que o CD tinha dez gravações da mesma musica. Peguei o notebook e a proteção de tela era uma foto daquela caneta do Piu-Piu escrito que você teria achado sua gatinha. Ao deitar na minha cama estava lá, seu chinelo no chão junto com seu roupão alaranjado e ao lado aquela sua blusa cinza que eu sempre colocava depois do banho. Na cabeceira da cama três fotos sua, e no meu celular uma gravação sua me chamando de “vileninha”.
Foi ai que eu me deparei com o fato de que eu precisava de você pra ter forças e fingir que eu estava feliz. Mais ao deitar na cama eu chorava desesperadamente e até mesmo batia no meu próprio peito e me perguntava: “Que tipo de pessoa eu estou me tornando?”
Mais derrepente dormi, e ao acordar decidi que continuaria vivendo aquela mesma rotina que eu amava e me sentia tão segura, só que não passava de uma mentira. E é assim até hoje.
Isso foi só mais uma crise que no final eu percebi que não era nada sem sua presença.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Borboletas no estômago.

Resolvi abusar um pouco da rebeldia. Chamar atenção nunca foi um dos meus melhores hobbies, mas percebi que vai ser assim. De agora em diante não irei olhar o mundo para ver se me encaixo nele, mais ele sim, olhará para mim e verá que eu não o pertenço.
A melancolia toma conta de uma pequena parte do meu corpo quando me recordo que além de ter a necessidade de viver e conviver com varias coisas, eu preciso deles pra me contentar. A partir daí resolvi que quero esquecer aquelas disfarçadas e não assumidas conchinhas que eram sempre interrompidas por vontades inacabadas de palavras cheias de afeição. Vontades aquelas que não iriam acabar por um bom tempo.
Não quero me recordar também daquela vontade carnal incalculável que eu sempre tive quando me lembrava de olhares misteriosos e cheios de malicia que ele não se importava em mostrar descaradamente.
Eu preciso só esquecer os fatos ocorridos e lembrar que eu nunca precisei do mesmo para sobreviver. Eles só foram pequenos minutos vividos longe de tudo. Mais fora da realidade tudo é paraíso e naquele mundo sim, eu me encaixaria. Mais, no entanto agora meu melhor hobby é ser radical o bastante para viver o hoje e o agora e até mesmo encarar que eu não sou um encaixe nesse lugar onde todos fingem ser felizes.
Depois disso tudo me lembrei que sempre tem aquele que consegue mexer com tudo ao mesmo tempo. Corpo, coração e mente. Ele sim consegue afetar cada parte de mim, cada centímetro do meu corpo.
Esses fatos seriam o que eu preciso. Encaixaria-me perfeitamente em qualquer tempo, espaço e lugar. Ai sim eu não me importaria com nada. Só iria querer sentir aquelas sonhadas borboletas no estômago de prazer.

Quase libertador.

Ficar sozinho às vezes é estranhamente angustiante, me causa até calafrios quando penso que eu sou assim faz alguns anos. É mais angustiante ainda saber que o oposto disso é estar com alguém. Ficar sozinho é dormir e ao rolar na cama não ter em quem esbarrar e roubar o cobertor macio que a vovó deu. É abrir a geladeira e não ter com quem dividir a metade da minha laranja. É chegar ao domingo e não ter que sujar panelas, pois você tem sogra pra te suportar e até mesmo pra você despachar aqueles horríveis doces cristalizados que sua mãe te deu há mil anos.
Ficar sozinho é chorar no cinema mesmo assistindo um filme de ação e ao final do filme ter que descer as escadinhas escuras com luzinhas verdes sem uma mão pra segurar. É saber que você não é ninguém sem aquele cafuné que ia até de madrugada com simples declarações ao pé de ouvido. É achar que você é a pessoa menos interessante do mundo, pois ninguém te deseja como você gostaria. Ficar sozinho é acordar com um sorriso enganado de felicidade e dar aquela risada mais nervosa possível, pois você viu que não passou de um sonho.
Mais ficar sozinho é quase libertador, só não é inteiramente porque você não consegue se livrar do sentimento angustiante que há em você. Estar sozinho é ter olhos cansados de tanto esperar que aquela pessoa cruze a esquina e te queira como você a quer.
Isto é, estar sozinho dói e nos deixa loucos e tristes. Enche o saco dos outros e não faz bem a saúde.

O final é sempre o mesmo.

A vida é engraçada, quanto mais você espera das pessoas menos você vê. Hoje eu recebi um telegrama, era ele, me dizendo que iria a nossa casa buscar sua ultimas peças de roupas, aquelas que eu deixava do lado esquerdo da nossa cama, que eu deitava em cima todas as noites para me sentir protegida e até mesmo aliviada, pois eu sentia sua presença me envolvendo. Tudo bem que uma simples peça de roupa não consegue suprir sentimentos e vontades, mais eu me sentia tão bem ao lado daquela camisa preta de algodão e aquela calça que deixava ele tão sexy. Aí ele me ligou falando que estava na portaria com alguém, pedi ao seu Zé pra falar pra ele subir. Fui pro meu quarto esperá-lo e derrepente alguém bate na porta, foi quando eu acordei para ver o que estava acontecendo. A verdade era que nós não estávamos mais juntos e que ele não iria mais entrar na nossa casa - no caso minha agora - com aquelas sacolas de supermercado cheia de bobeirinhas pra nós comermos a noite toda vendo “Como se fosse a primeira vez” na cena que nós dois mais gostávamos – que ele canta pra ela uma musica linda - e além de gostar muito, logo depois disso a gente se amava ali mesmo na sala, ou até mesmo naquele sofá vermelho que ele nunca deixou eu jogar fora, porque tinha nosso cheiro. Mais voltando a real, eu abri a porta e ele disse:
- Oi
Eu disse: - Oi, entra.
Logo em seguida ela foi ao nosso antigo quarto - que ainda havia todas as nossas fotos coladas na parede – pegou suas roupas e disse mais uma vez: - Eu estou esquecendo algo?
Eu queria dizer, oi? Sim, ta esquecendo de mim, de me dar um abraço e dizer que me ama como fazia todos os dias antes de trabalhar me deixando enrolada na toalha e com cara de manha, ta me esquecendo porra, e até mesmo aquilo que nós construímos juntas e que todos que tentaram destruir não conseguiram mais sim você, conseguiu acabar com tudo.
Depois de pensar em dizer isso tudo e não dizer porcaria nenhuma, eu apenas abaixei a cabeça, e ele veio até mim, ergueu meu rosto sobre o dele e me deu um simples beijo na testa e saiu. Eu não sabia o que fazer e como reagir naquele momento, não sabia se corria atrás dele e dizia tudo o que eu realmente queria e sentia ou se eu o deixava ir.
Olhei pela sacada, ele estava entrando no seu carro novo, acompanhada de alguém que eu preferi não ver. Decidi ficar por ali mesmo, vendo o filme bem na nossa parte, deitada no sofá vermelho pensando em toda a nossa historia e sentindo aquele cheiro que ninguém iria conseguir tirar de mim.
Será que ninguém nunca vai querer algo sincero e amável? Amar e ter reciprocidade dói? Pois se doer eu quero sentir isso constantemente. Quero dormir com suspiros no pescoço, como fazíamos de segunda a segunda.

Logo ontem.

Ontem eu voltei a sentir o que eu sentia há alguns dias atrás, eu percebi que ter isso dentro de mim faz com que eu me sinta bem. O fato dele ainda me olhar com aqueles olhos desconfiados que querem entender algo me corrói por dentro. O fato dele se importar em me dar noticia de seus sumiços, se importar em querer me dizer que está com saudades e coisas do tipo, me da muita vontade de entender o que ele pensa e o que se passa na sua cabeça. Ele não é daqueles caras que te olham e você vê que ele quer te comer e não dar noticias no dia seguinte, ele é daqueles que te agrada até mesmo sem você pedir, que faz carinho da ponta do seu dedo do pé até a ponta da sua orelha, que te beija de ponta a ponta até fazer você sentir coisas que você nunca imaginava. Tão atencioso como nunca, chegando ao ponto de que você fique confortável até com a temperatura da água do chuveiro ou com a vontade dele de te aconchegar para não deixar que você sinta frio no meio da BR da saída da cidade. Se importando com as flores, os chocolates e até mesmo com o cheiro do ambiente planejado há meses atrás.
É... Ele sim é o cara, que ate a mulher mais prostituta da cidade deseja, mas não só por uma transa e alguns trocados, mais sim pelo ‘afeto’ que ele mostra sentir. Ele é especial, ele é importante em mim, eu gosto de sentir que ele me sente presente.
Eu sinto falta até de olhar no espelho e ver ele me cobrindo com seu corpo.
Mais ai eu paro e penso todos os dias, quanto tempo irá durar isso? Quanto tempo eu vou ter que pensar nele e nas conseqüências que me traz? Eu só queria sentir o seu calor ao meu lado, queria apenas ver que ele me quer e tem que ser ao seu lado..