segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Quase libertador.

Ficar sozinho às vezes é estranhamente angustiante, me causa até calafrios quando penso que eu sou assim faz alguns anos. É mais angustiante ainda saber que o oposto disso é estar com alguém. Ficar sozinho é dormir e ao rolar na cama não ter em quem esbarrar e roubar o cobertor macio que a vovó deu. É abrir a geladeira e não ter com quem dividir a metade da minha laranja. É chegar ao domingo e não ter que sujar panelas, pois você tem sogra pra te suportar e até mesmo pra você despachar aqueles horríveis doces cristalizados que sua mãe te deu há mil anos.
Ficar sozinho é chorar no cinema mesmo assistindo um filme de ação e ao final do filme ter que descer as escadinhas escuras com luzinhas verdes sem uma mão pra segurar. É saber que você não é ninguém sem aquele cafuné que ia até de madrugada com simples declarações ao pé de ouvido. É achar que você é a pessoa menos interessante do mundo, pois ninguém te deseja como você gostaria. Ficar sozinho é acordar com um sorriso enganado de felicidade e dar aquela risada mais nervosa possível, pois você viu que não passou de um sonho.
Mais ficar sozinho é quase libertador, só não é inteiramente porque você não consegue se livrar do sentimento angustiante que há em você. Estar sozinho é ter olhos cansados de tanto esperar que aquela pessoa cruze a esquina e te queira como você a quer.
Isto é, estar sozinho dói e nos deixa loucos e tristes. Enche o saco dos outros e não faz bem a saúde.

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